sexta-feira, 26 de novembro de 2010

De volta

Faz um mês exatamente que chegamos de viagem e agora eu sinto que meus treinos começaram a engrenar realmente. A corrida em Amsterdam foi super legal, fiquei feliz, mas não foi uma prova, foi uma celebração da minha volta as pistas. Eu não corri para fazer tempo, não corri concentrada, corri feliz e cheia de energia, olhando a cidade e aproveitando a sensação de estar correndo novamente. Agora as coisas parecem ter um foco mais claro, estou estabelecendo a minha base, me conhecendo melhor e preparando as referências para poder ver os resultados mais para frente. Não posso negar que ainda continuo com preguiça e que os treinos estão ficando mais difíceis. Mas, ao mesmo tempo, estou entretida com a idéia de melhorar a minha corrida e de refazer, do zero, os meus alicerces esportivos. Essa semana foi intensa, já fiz 4 treinos e amanhã ainda tenho meu longo para completar. Estou dolorida, mas gosto disso. Essa dor me faz lembrar que estou me mexendo, saindo da minha área de conforto. Me faz lembrar que estou ultrapassando meus limites, ou melhor, ampliando meus limites. Mesmo assim, fiquei muito feliz quando ganhei uma longa massagem na Luiza Sato do meu marido hoje a tarde. A água quentinha nos pés, a música brega mas relaxante, o colchão aquecido, os olhos fechados... foi uma delícia! Fiquei pensando que os treinos não são feitos só de esforço e suor, há também os momentos de relaxamento e descanso para compensar. Ainda não sei quando vou poder começar a pensar em uma maratona. Por enquanto, estou pensando em uma boa prova de 10k. Mas, o importante é que os treinos estão de volta e com tudo!

PS: a maior novidade da temporada é que, pela primeira vez desde que comecei a correr, estou gostando dos treinos de pista.

sábado, 16 de outubro de 2010

I AMsterdam

Chegou a grande noite... a corrida de Amsterdam é amanhã de manhã e, pela primeira vez na vida de corredora, eu estou tranquila e feliz na noite antes da prova. Ontem fui pegar meu kit na feira da maratona. Os eventos das grandes maratonas são impressionantes, um monte de stands, tenis novos, produtos que eu nunca tinha visto, muita gente. Foi muito legal participar desse processo, me sentir parte ativa daquilo tudo. Mas o mais legal, de verdade, foi perceber, no exato momento em que peguei o kit, que eu estava fazendo isso por diversão. Percebi que não havia cobrança nenhuma com relação ao meu desempenho e nem o medo do desconhecido, afinal, os dois treinos que fiz durante a viagem já foram de 8km. Claro que a emoção não é a mesma de estar correndo a maratona inteira, ou mesmo a meia. Mas foi exatamente isso que me fez bem. Eu percebi que, neste exato momento, eu não tenho condições psicológicas de correr uma maratona inteira. Não tenho... e não quero. O casamento foi a minha grande prova, e acabei de cruzar a linha de chegada. Eu não queria ter outro desafio de proporções épicas para enfrentar. Eu queria simplesmente me sentir ativa, me sentir corredora, acompanhar meu marido numa prova internacional e colecionar mais uma medalha. Ufa! Que alívio quando percebi que eu não estava alí para enfrentar, e sim, para celebrar tudo o que já enfrentei até agora. Para ficar mais leve e não mais tensa. Dizem que as coisas acontecem como tem que acontecer. Que deus (seja ele quem for) escreve certo, mas por linhas tortas... qualquer que seja o ditado, esta é uma verdade praticamente incontestável. Eu fiquei arrasada quando me machuquei e vi que não poderia correr Chicago. Mas agora consigo enxergar que, por mais que eu treinasse meu corpo, não conseguiria treinar a minha mente para enfrentar os 42, 195km. Posso finalmente dizer, com toda a sinceridade do mundo, que foi melhor assim. Mais do que treinar meus músculos e meu coração, preciso treinar a minha cabeça para carregar o sentimento de hoje a noite para as outras provas. Nunca mais quero sentir aquele pavor pré prova. Uma ansiedade e tensão é normal, mas o pavor eu não quero mais. Hoje é só felicidade, genuina.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

No pain, no gain

Como as coisas mudam, hein? Hoje não é terça, mas fiz meu primeiro treino de pista desde que voltei a correr. Eu odiava os treinos de pista. Mas sou obrigada a confessar que as acelerações de hoje foram divertidas, me fizeram bem. Claro que não foi tudo delicioso, mas no final foi
revigorante. Durante o aquecimento eu achei que não ia conseguir. Estava com preguiça, dura, estranha... estava me sentindo pesada. Os primeiros minutos foram terríveis, eu sentia como se tivesse usando quilos em caneleiras. Eu qusae desisti, fiz as últimas voltas pensando na desculpa que daria para a Eli. Tive que achar uma estratégia para conseguir continuar ao treino, e foi o seguinte: dividir para conquistar. Não pensei mais no treino inteiro, mas em cada minuto, cada volta na pista, cada aceleração. Uma coisa por vez e assim tudo fluiu. Como sempre eu fiquei super nervosa e os batimentos cardíacos subiram como loucos, mas foi bom sentir aquele cansaço, um cansaço diferente, um cansaço que vem da intensidade. Fiquei super apreensiva (e feliz) quando a Eli falou: a segunda volta é pra morte. Ainda tenho que aprender a controlar a minha ansiedade, porque já saí com o coração lá em cima. Terminei com 196 bpm... pra morte, como pediu a minha treinadora querida. Tá certo que um pouco disso foi a minha notória ansiedade. Outro pouco foi a semana pré casamento. Mas o restante foi a luta, o sacrifício, o treinamento. Depois de alguns meses, ao invés de reclamar, eu tô aprendendo a gostar dos treinos específicos. Não é só dor e contagem de tempo, é treino e superação. É o que me faz mais veloz, o que me faz correr cada vez melhor. Não importa como eu esteja me sentindo, o crucial é tentar, o importante é fazer o treino inteiro, com calma. O importante é que no final tudo seja gostoso.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Where's your head at?

Outro sábado na USP, outro dia cinza e frio... outro sorriso no meu rosto. Dessa vez o treino foi um pouco maior, 8km, mas um pouco mais lento. Mantive um pace pior do que o último sábado. Talvez tenha sido assim por causa das subidas, ou por causa dos batimentos cardíacos que tinham que ser controlados (até 185 bpm), ou por causa do nervosismo que toma conta de mim na semana pré casamento. Não tenho dormido direito, comido direito, pensado direito ou vivido direito por causa desta festa... então é natural que eu não tenha corrido direito também. É impressionante como a concentração e o emocional fazem diferença na hora do treino. Bom, fazem diferença a qualquer hora, mas eu senti bastante essa minha fase na hora do treino. Felizmente, de qualquer maneira, a corrida me ajuda a controlar a ansiedade, a colocar meu pensamento em ordem e a aproveitar melhor tudo o que está acontecendo comigo agora. O bom é que falta menos de uma semana para o dia do SIM. E exatamente três semanas para a minha primeira prova internacional, a primeira desse novo ciclo, encarando a corrida de uma nova maneira. Concentrada ou não, os treinos só tem me ajudado. De vez em quando, a performance não é o ponto principal e mais importante, de vez em quando os treinos tem um outro lado. E eu adoro esse outro lado! Que venham as provinhas, em todos os sentidos!

domingo, 19 de setembro de 2010

The Neverending Track

USP, nove e meia da manhã e, para a minha sorte, frio e tempo fechado! O primeiro treino desde a primeira dor no calcâneo. Shorts novo, boné, iPod e a Eli, minha treinadora querida. Foi uma delícia voltar, me sentir correndo, treinando de novo. Foram meros 6 km, em 37 minutos, um treino leve e gostoso. Fiquei feliz por terminar bem, animada e querendo mais. Aos poucos as coisas vão melhorando e, daqui a pouco, sei que já estarei de volta a minha quilometragem preferida. O importante é fazer tudo com calma, direito, para nunca mais ter que parar. Nada subtitui o sentimento de cansaço e superação de cada passada e mais, nada substitui a diversão de colocar o Garmin do lado do computador e ver todos os detalhes do treino e o mapa do GPS na tela. I'm back in the game!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

8k Amsterdam

Agora é hora de fazer novos planos, estabelecer novas metas. Com esse clima reinando em praticamente todos os aspectos da minha vida, resolvi unir o útil ao agradável e fazer a inscrição na primeira provinha depois da lesão. Estou indo para a Holanda de lua de mel, onde meu futuro marido (a.k.a. Lá) vai correr a maratona de Amsterdam. Como um presente para mim mesma, fiz minha inscrição na corrida de 8km que acontece no mesmo dia, no mesmo percurso (guardadas as devidas proporções, claro). No primeiro momento pensei: 8 km?! Só isso?! Mas depois fiquei contente. Como escrevi no post anterior: é melhor correr um pouquinho do que não correr at all. Além disso, lembrei da festa no dia da corrida, do sentimento de cruzar uma linha de chegada, da medalha, da camiseta, das fotos... enfim, tudo o que envolve este universo. Uma coisa é viajar para conhecer um lugar novo. Outra coisa, completamente diferente, é viajar para correr em um lugar novo. Amsterdam, aqui vou eu! Até porque, para nós corredores, não há melhor souvenir do que uma: medalha! Medalha! Medalha!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

4 vezes 4 por 1

Depois de quase 4 meses, voltei ao ortopedista e constatei que a fratura no calcâneo já faz parte da história. Estou pronta para correr de novo. Fiquei tão feliz no consultório que chorei. Eu tinha uma idéia, mas não sabia o tamanho do alívio que essa sentença poderia me oferecer. Controlei as lágrimas, agradeci ao doutor, que muito solícito conversou até com a minha treinadora, a querida Eliana Reinert (que esteve ao meu lado o tempo todo, sempre com energia positiva), para esclarecer as condições da minha volta às pistas. Antes de sair, o médico me explicou como teria que ser esta volta: um treino gradativo, para me reacostumar a correr. E ele me entregou um papel, com uma sequência de treinos para uma semana. O meu primeiro treino de corrida era: caminhar por 4 minutos e TROTAR (muita ênfase na baixa velocidade) por 1 minuto, 4 vezes (o que dá 20 minutos, praticamente um aquecimento). Confesso que fiquei um pouco desapontada. A ansiedade era enorme e eu estava voltando praticamente à estaca zero (eu pensei na hora). Mas, a felicidade por não ter mais aquela lesão era tanta que passei por cima desse desapontamento e foquei no que realmente era importante: é melhor correr um minuto do que não correr at all. No dia seguinte, vesti meu shorts de corrida, meu tênis e meu boné (ítens que eu não usava a 4 meses). Saí de casa praticamente saltitando de alegria, cheguei na academia até mais cedo do que de costume. Fiz o treino e terminei feliz. Claro que fiquei com a maior vontade de ignorar o relógio e continuar correndo, aumentar a velocidade e matar a saudade. Mas, fiz tudo como manda o figurino. No dia seguinte, treinei na rua, a mesma sequência. Depois, já recebi os primeiros treinos da Eli. Cada dia a corrida aumenta, o caminhar diminui e vou recuperando sentimentos que eu guardei durante os meses parada. A volta tem sido extremamente prazerosa. E, por isso mesmo, decidi que daqui pra frente todos os treinos vão ser assim: prazerosos. Quando falo isso, não me refiro só a treinos fáceis e leves, me refiro à maneira de encarar até os treinos mais árduos. O verdadeiro prazer está em descobrir o meu melhor e não em alcançar metas propostas por outras pessoas, para outras pessoas. Talvez essa tenha sido a principal lição que tirei do tempo 'parada'. Talvez todos nós precisemos de uma pausa, uma respiração profunda e uma outra perspectiva para percebermos a melhor maneira de levar a vida.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Haruki Murakami

"Quando corro digo a mim mesmo para pensar em um rio. E nuvens. Mas em essência não estou pensando em uma coisa. Tudo que faço é continuar correndo em meu próprio vácuo aconchegante, caseiro, meu silêncio nostálgico. E isso é uma coisa maravilhosa. Digam as pessoas o que disserem...

...Apenas corro. Corro num vácuo. Ou talvez eu deva me colocar de outra forma: corro a fim de conquistar um vácuo. Mas, como seria de se esperar, um pensamento ocasional vai invadir esse vácuo. A cabeça de uma pessoa não consegue se manter um vazio completo. As emoções humanas não são fortes ou consistentes o bastante para sustentar um vácuo. O que quero dizer é que o tipo de pensamentos e ideias que invadem minhas emoções quando corro permanece subordinado a esse vácuo. Na falta de conteúdo, eles não passam de pensamentos aleatórios que giram em torno desse vácuo central." Haruki Murakami


É confortante perceber que correr pode ser única e simplesmente correr. Dar passos rápidos, sentir o vento no rosto, o suor, o cansaço, o prazer... correr. Em qualquer velocidade, por qualquer razão, ou razão nenhuma. Entrar num mundo só meu e conhecê-lo cada vez melhor.

A corrida preenche o meu vazio, ou os meus vazios. Afasta os meus medos, colocando-os em perspectiva. A corrida me faz ser mais humilde, esfregando na cara toda a fragilidade do meu corpo e me dando a chance de voltar mais forte, diferente.

Quando eu corro, entro em outro mundo, onde todas as minhas teorias e lógicas tem sentido. Quando eu corro, eu me entendo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Yoga, ansiedade e corrida

Mudei de academia recentemente e agora tenho uma gama maior de aulas e práticas para experimentar. Assim, fico entretida enquanto espero a volta da corrida. Ultimamente, tenho procurado maneiras de controlar a minha ansiedade e de continuar motivada, indo treinar regularmente. Outro dia, pela primeira vez, fiz uma aula de yoga. Comecei sem querer, porque tinha tempo livre antes da aula de bike e queria experimentar algo novo. O clima na sala era muito relaxante, a energia muito leve, me senti bem logo ao entrar. Eu era a única que não sabia do que a professora estava falando quando ela indicava as posições e movimentos que deveríamos fazer, mas isso não foi problema. Ela foi super atenciosa comigo e acompanhou cada movimento meu. Me senti desajeitada, mas a primeira lição que professora me deu naquela manhã foi: não importa a qualidade da sua postura, o que importa é que você esteja tentando fazer da melhor maneira possível. A qualidade melhora com o tempo. Só esta pequena frase já me deixou ainda mais relaxada e me fez aproveitar não só a aula, mas o dia inteiro melhor. Depois, durante um exercício de respiração, comecei a chorar, sem querer. Uma emoção muito forte, que não era ruim, me inundou e não consegui me conter. Chorei no meio da aula. Mais uma vez, a professora me tranquilizou, me pediu que aceitasse a minha própria reação e disse que com o tempo, eu conseguiria entender melhor o que acontece comigo durante os exercícios. Entendi ali que, mais do que uma atenção aos movimentos e um subsídio à disciplina, a yoga estimula a criação de uma consciência de nós mesmos, não só durante a aula, mas em todos os momentos. O objetivo principal é aprender a nos perceber a toda hora e, assim, consertar o que for necessário para que restabeleçamos um equilíbrio, ou um conforto dentro de nós mesmos. Finalmente entendi porque dizem que a yoga faz tão bem aos corredores. É uma maneira de nos conhecermos profundamente e isso é fundamental para uma vida longa e próspera na corrida. No dia seguinte, voltei à aula de yoga. Não foi tão pacífica quanto a do dia anterior, fiquei dolorida e tive mais dificuldade ainda de fazer os exercícios mas, em compensação, saí da sala revigorada. E a dor do dia seguinte, só me fez lembrar da respiração e dos exercícios de auto-conhecimento. Resultado: hoje estou contando os minutos até a hora da próxima aula. E, para continuar o experimento, vou a noite, para ver os efeitos da yoga em mim antes de dormir.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Lesão: os estágios do luto

 "The sense of loss an athlete feels when injured can be very similar to the other types of mourning or grief that occur in our lives," says Diane Wiese-Bjornstal, Ph.D., associate professor of kinesiology at the University of Minnesota and a leading researcher of injury psychology. "It's a huge sense of loss that you feel."

Vi este artigo no site da Runner's World hoje de manhã e não resisti, tive que colocá-lo aqui. Eu queria ter lido isso antes. Mas, de qualquer maneira, acho que é natural que passemos por todos estes estágios de luto, principalmente na primeira lesão. O engraçado, hoje, é ver cada uma das minhas reações postadas neste blog. A Negação (26/04/2010), A Raiva (04/05/2010), A Compensação (11/05/2010), A Depressão (20/05/2010 e 28/05/2010) e, finalmente, a Aceitação (04/08/2010). Segundo o artigo, eu acredito que, depois do último post, estou entrando no estágio da aceitação. Demorou, mas agora é muito menos difícil (porque eu ainda sinto que ficar assim nunca vai ser fácil) aceitar que eu me machuquei e entender que vou voltar a correr e, um dia, posso até esquecer que fiquei todo esse tempo sem a corrida. Normalmente eu diria "parada" mas a verdade é que não fiquei parada. Por mais que eu sinta que tudo o que venho fazendo seja 'substituto', não fiquei parada. E foi isso que acabei de entender, depois de ler o artigo. Isso e o fato de que acontece de maneira muito similar para todos os corredores. Eu também senti que não fazia mais parte da comunidade corredora, que não tinha nem sequer o direito de entrar no site da Runner's World ou de falar "eu corro". Mas a verdade é que ser corredor é muito mais do que simplesmente correr. E isso não pode ser apagado por alguns meses 'parada'.

Leia o artigo

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Será que nada acontece por acaso?

Quase dois meses depois daquele exame eu já posso voltar a escrever sem medo de ter um acesso de raiva ou de começar a chorar no meio do texto. Agora eu já consegui aceitar o fato de que esse NÃO vai ser o ano da minha primeira maratona e de que vou ter que mudar os planos da minha lua de mel por causa dessa lesão. Ontem fui a outro médico, especialista no assunto das fraturas por stress e finalmente entendi o que está acontecendo. As coisas são diferentes do que eu tinha imaiginado, são mais simples e poderiam ter sido tratadas mais rapidamente. Apesar dessa informação, eu não fiquei brava, imaginando que poderia ter me poupado de meses sem correr e de muita angústia. O que senti foi um alívio enorme por finalmente saber o que realmente aconteceu e o que vai acontecer daqui pra frente. Eu ainda tenho um mês de recuperação antes de voltar aos treinos, mas depois de tudo isso, depois desses 4 meses parada, eu comecei a encarar as coisas de maneira diferente. Eu tenho certeza que nenhum treino meu será igual daqui pra frente. Por alguma razão, a cobrança, o medo de falhar e o peso da obrigação parecem ter se dissipado nessas semanas e eu consigo ver mais claramente o porque da minha corrida e os resultados que ela me traz. Antes, eu só prestava atenção nos resultados físicos e aparentes, não parei nem por um segundo para avaliar as consequencias psicológicas e sociais dessa minha atividade. Hoje eu entendi que correr, para mim, tem muito mais a ver com a cabeça e com a vida social do que com os resultados físicos. Claro que esses também me são importantes, mas eles são reflexos da diminuição da minha ansiedade, dos amigos que fiz nas pistas, da alimentação que sigo para completar minhas provas, da adrenalina liberada a cada passada e tudo mais que faz parte deste universo. Talvez esse tenha sido o principal motivo da história toda... da parada, da lesão. Talvez eu estivesse realmente precisando de tempo para olhar para o lado e perceber melhor o mundo à minha volta, para decidir o que eu realmente quero manter e o que preciso mudar. Eu, sinceramente, acho que estava cansada demais para perceber os sinais à minha volta. Ou, para os menos crentes, eu simplesmente não tinha forças para mudar o que não estava me fazendo bem. O que quer que seja, acho que finalmente estou conseguindo colocar esse quebra-cabeça no lugar e organizar a minha vida e minhas idéias. Tudo bem que agora, nesse exato momento, tudo parece mais bagunçado do que antes, mas as arrumações são sempre assim, não são? Precisamos parar, tirar tudo o que tiver dentro do armário (ou gaveta, ou o que quer que seja), revirar, escolher o que fica e o que vai embora, para depois colocar só as coisas importantes, úteis, novas e limpas no lugar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A hora da verdade

Ontem foi o dia derradeiro. Fiz o exame para ver se posso voltar a correr ou se ainda não estou totalmente recuperada. Ainda não tenho o resultado, vou à médica só na segunda-feira, mas estou ansiosa. Estou com saudade da corrida, do cansaço, do meu shorts amarelo, das manhãs de sábado treinando. Estou com saudade de correr. Fiz o melhor que pude durante o período de recuperação. Não forcei, nadei durante um mês para não fazer atividades de impacto, esperei. Só voltei a pedalar na semana passada, depois de conseguir o aval da ortopedista. Espero que esteja tudo certo e que eu possa finalmente começar os treinos para a maratona. Estou em cima da hora. Se eu não puder voltar a correr, vou perder o prazo para treinar para a maratona. Já pensei várias vezes sobre isso mas ainda não sei exatamente o que eu sinto quando penso nisso. Fico triste de imaginar que posso não ir mas, ao mesmo tempo, sei que tenho todo o tempo do mundo para treinar e correr bem a minha primeira maratona.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Na Faixa

Hoje de manhã passei pela ponte da Cidade Universitária e vi as faixas avisando que aquela via estará interditada no domingo (30/05), para uma prova de pedestres. Fiquei subitamente chateada. Não esperava uma reação como a que tive. Fiquei triste e comecei a chorar, sem perceber. Senti que eu deveria estar interditando aquelas vias no domingo de manhã, correndo a prova de 25k da Corpore, para a qual me inscrevi já faz algum tempo. Senti uma saudade do nervosismo da largada e, mais ainda, do cansaço e da satisfação ao cruzar a linha de chegada. Sei que faz pouco que estou parada e que falta menos ainda para voltar a correr. Sei também que outras provas e outras vias interditadas virão, mas eu contava com esta prova desde o ano passado, quando terminei a minha primeira meia. Era o meu próximo degrau...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Na mesma

Ainda tô com saudade. E não sei mais o que escrever...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sábado

Amanhã é sábado. E sábado é dia de longão: eu tô com saudade.    

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Coisa de principiante

Hoje fiz uma aula de hidro e outra de natação. Foi exatamente como eu previa. Descobri que o meu negócio na água é natação. A hidro é divertida, mas não fiquei feliz e não me entendi fazendo aquilo. Preciso de um propósito, de um objetivo, senão as coisas ficam muito sem sentido e eu fico desmotivada. Gostei da aula de natação. Estranhei muito os acessórios, fiquei horas com uma marca redonda em volta dos olhos por conta dos óculos muito apertados (erros de principiante)... vi que tenho muito o que aprender e, por isso mesmo, fiquei feliz com isso. Fora que fiquei bem mais cansada do que com a aula de deep running e de hidroginástica. Resumindo: foi divertido! Saí da piscina feliz hoje e estou pronta para a próxima (até que eu possa voltar às minhas corridinhas...).

terça-feira, 11 de maio de 2010

Who's counting? II

Para não perder o foco (nem o costume): 21 semanas para Chicago.

Deep running

Hoje fiz minha primeira aula de deep running. Ainda bem! Não aguentava mais ficar parada, sem fazer nada. A aula foi rápida, só 45' que passaram voando. Foi divertido, mas não tão especial quanto eu pensei que fosse. Achei que seria algo um pouco diferente. Não sei dizer com exatidão o que eu estava esperando, mas foi bem diferente do que eu imaginei. Foi bom me sentir em movimento de novo e foi bom sentir a corrida outra vez. Isso sim foi diferente. Apesar dos movimentos básicos, eu consegui recuperar a sensação da corrida em alguns momentos e isso, por si só, já me deixou bem feliz. Amanhã vou testar uma aula de hidroginástica e depois uma manhã de natação, para ver qual das três modalidades me deixam mais empolgada agora. Para falar bem a verdade, eu acho que, no fim das contas, vou ficar com a natação. Senti a falta de um propósito, uma técnica que eu tenha que aprender, algo além do simples exercício físico hoje e, dentro destas opções, eu acredito que a natação vá suprir melhor essa minha vontade. De qualquer jeito, eu estou me divertindo com as novas experiências. Me senti como no primeiro dia de aula quando entrei na piscina hoje de manhã.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Crise de abstinência/efeitos da tpm

Hoje entrei no site da Runner's World para logar o meu treino de bike e musculação e logo na página principal li o seguinte título no blog diário deles: "If Running Were a Drug, It'd Be Illegal". Lógico! Eu já tinha pensado nisso e venho pensando nos efeitos da corrida desde a semana passada, quando parei de correr por causa do tornozelo. O texto que veio a seguir foi ainda mais empolgante (e frustrante ao mesmo tempo) para mim. Mark Remy, o cara do blog, descreve como uma corrida pequena, de duas milhas (mais ou menos 3 km) fez com que ele encarasse o dia e a semana de maneira diferente... Eu sei que tenho que ter paciência, que tenho minha vida toda para correr e que preciso ficar quieta e tratar o meu problema para poder correr quantos quilômetros a mais eu quiser sem dor, sem impecílios. Mas isso não quer dizer que eu não me sinta frustrada e que eu consiga me controlar o tempo todo. Não sei se foi a tpm, ou crise de abstinência de corrida ou sei lá... mas o meu comentário no blog deles foi:

Don't even tell me about "the running buzz". I'm injured, haven't in 10 days and it seems i've still got about a month to get back on the track. Stress fracture on the ankle. I've been taking spinning classes at the gym and taking the time to do some strength training, but nothing compares to running. I miss my long runs, the feeling i get when i finish. I miss my easy monday morning runs. I miss the running tiredness, that is different from any other exercise... I think i'm suffering from withdrawal crisis hahaha. 

Note que o "hahaha" no final foi só para descontrair e prevenir a impressão de que sou uma histérica, desvairada, descontando a tpm na internet. Descontrole ou não, o comentário no site e a confissão aqui me fizeram sentir melhor. Parece que assim posso compartilhar o meu desconforto com quem realmente entende o que é ficar parado quando o resto do mundo inteiro parece estar correndo (e gostando).

domingo, 2 de maio de 2010

Diário 02/05/2010

Hoje fiquei com vontade de escrever e despejei tudo no meu diário. Acho que estava precisando colocar um monte de coisas para fora e agora, depois de várias cervejas belgas e um almoço que dura a tarde toda, consegui colocar em palavras o dia de hoje. Acordei cedo e levei o La e minha professora para a largada da maratona. Voltei para casa e tomei um café da manhã delicioso. Aproveitando cada minuto. Levei o Porter para passear mas, como sempre, o preguiçoso não quis ficar na rua por muito tempo. Ele foi eu companheiro essa manhã. O Lá não terminou a maratona, ele pegou o desvio errado e terminou na chegada dos 10km. Mesmo assim, ele continuou e fez o treino previsto, de 34km, inteiro. E isso foi uma verdadeira lição de maturidade e paciência para mim. Uma lição de como devem ser feitas as coisas. Eu acredito que tenha sido coisa do destino, como deveria ser e coisa e tal. O Lá acha que foi só uma cagada, mas a verdade é que o que aconteceu hoje demandou muito mais paciência e maturidade dele do que terminar o percurso e, consequentemente, me deu uma lição muito maior do que simplesmente cruzar a linha de chegada. Despois, quando ele chegou em casa, fizemos um almoço delicioso e aproveitamos ao máximo, juntos, o domingo. E essa foi outra lição que ele me deu. As vezes, as coisas mais importantes do mundo são fáceis e prazerosas, estão logo ao nosso alcance. E hoje foi um dia desses, dos mais memoráveis. Foi um dia delicioso, cheio de orgulho do meu amor, tanto pela garra quanto pelas habilidades culinárias e de 'beer sommelier'. Hoje, ele me mostrou que cada dia é um dia, que cada treino é um treino e que cada momento deve ser aproveitado ao máximo. Hoje ele me mostrou que as melhores coisas da vida são mais simples do que eu imaginava que fossem. E hoje ele me deu o maior presente de todos: me mostrou que, se as coisas não acontecerem exatamente do jeito que eu espero, tudo bem... elas podem ser BEM MELHORES. Parabéns, Lá! Eu morro de orgulho de você. E obrigada!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tá mais para uma lombada...

Ainda não consegui correr essa semana. Hoje, pela primeira vez desde sábado, fiz uma aula de bike porque não aguentava mais ficar parada ou só na musculação. Até arrisquei uma passada antes de sair de casa, mas não consegui chegar correndo nem até a porta. Na bike não senti dor, mas correr ainda não dá. Tô tomando remédio, fazendo gelo e tudo mais. Espero que até sábado eu já possa dar uma corrida pelo menos para aliviar essa minha aflição de ficar sem treinar. Tô chateada com isso ainda, mas pelo menos aproveitei esses dias para descansar. Quando voltar, começo com a corda toda. Só espero que seja rápido.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Uma pedrinha no caminho

Tô bem chateada com a dor no meu tornozelo. Foi no sábado, enquanto corria na USP. Não sei porque comecei a sentir uma forte dor no tornozelo direito, depois de mais ou menos 1h10min de treino. Eu estava correndo de leve, não estava forçando. Parei para tomar água e um gel de carboidrato e quando retomei a corrida não aguentei nem mais 10 minutos. A dor me pegou de surpresa e bem forte. Não sinto nada quando estou parada ou quando mexo o pé fora do chão, mas não consigo andar direito. Quando ando, ainda dói. Fiz gelo no sábado e ontem. A dor melhorou bastante, mas ainda não passou. Fiquei super chateada pois essa semana eu deveria começar os treinos com a Eli. Imprimi minha nova rotina de treinos toda empolgada, li e reli tudo o que eu teria que fazer e quando finalmente chegou a hora de sair correndo, não consigo nem andar direito. O Lá diz que foi um sinal, para que eu me acalme e não vá com tanta sede ao pote. Eu não sei. Sinal ou não, eu não gostei nada disso. Fui para a academia hoje e treinei só braço, costas e abdominais. Fiquei com vontade de correr. Tô ansiosa e essa dor (e consequentemente os dias parada) só aumentam o meu nervosismo. A minha esperança era que a dor desaparecesse até amanhã, mas pelo andar da carruagem (ou, mais literalmente, pelo meu andar) não vai ser assim tão rápido. Talvez eu consiga correr de novo na quarta-feira, mas não tenho certeza. Estou chateada e aflita.

domingo, 25 de abril de 2010

Endurance

Run if you can, walk if you have to, crawl if you must... just keep moving forward (Dean Karnazes - Endurance 50)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Who's counting?

Só para não perder o foco: 24 semanas para Chicago.

Eita ansiedade!

Essa noite foi tensa. Sonhei que estava em Chicago, a poucos minutos da largada, sozinha e sem ter treinado. O Lá não estava lá e eu não conseguia identificar nenhum conhecido por perto. Eu sentia como se aquele dia fosse hoje, ou amanhã, mas não em outubro. Eu não tinha treinado nada, não tinha feito a prova de 25km ou outro treino mais longo do que a meia maratona. Fiquei apavorada, me senti em dia de prova oral (surpresa) de matemátia no colégio. F@*$#! As pessoas ao meu lado estavam todas felizes e empolgadas para a corrida. Todo mundo já tinha experimentado os 42 km antes e tinham uma ideia melhor do que os aguardava. Eu não. Eu não tinha idéia do que estava para acontecer. Frio na barriga, desespero. Bem como nos dias de prova oral no colégio. Eu não sabia nem para onde tinha que ir para largar. E não tinha ninguém por ali com quem eu pudesse conversar... e me confessar: eu não sabia o que estava fazendo. Enorme foi o meu alívio quando ouvi os passinhos do Porter pelo quarto e me dei conta de que 1) ele estava solto pela casa e 2) eu ainda tinha 5 meses pela frente, com a Eli me treinando e muitos quilômetros para percorrer na USP antes do dia 10 de outubro. E mais: no dia D, o Lá estará por alí comigo. Certo que sempre há um nervosismo no ar em dia de prova e não conseguimos ser totalmente altruístas, mas o nosso abraço de energia (tradicional antes de todas as provas) faz a diferença para mim. Ufa! E "vamo que vamo".

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Feriado

Feriado. Dia de treinar com mais calma e descansar em casa depois. Hoje foi diferente, fui treinar com a Paulinha na academia do Itaim, onde eu nunca tinha ido, e depois corri uns 7km de leve. Foi gostoso, parecia que eu estava em outra cidade, outro país. De vez em quando é muito bom mudar o ambiente, parece que isso nos dá uma outra energia, um incentivo a mais. E hoje foi preciso. Comecei a correr com a maior preguiça do mundo, ainda com as pernas rígidas da musculação e não achei que fosse conseguir correr mais de 10 min na esteira. Mas o tempo foi passando e eu fui correndo... mais cinco minutos, mais cinco minutos etc. Parei com pouco mais de 7km porque já não tinha mais gel, gatorade ou água. Foi gostoso, o sentimento de dever cumprido e de ter conseguido mesmo com a dificuldade do início fizeram o meu feriado mais leve. Depois fui almoçar com meu pai em um lugar bem gostoso e voltei para casa para ficar com o Porter e ler um livro novo. De lanchinho, tomei um sorvete para rebater o calor. Foi merecido! Pena que está acabando...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

3, 2, 1... go!

Hoje, pela primeira vez desde que comecei a treinar, me peguei ansiando pelas minhas próximas provas. Me vi imaginando a hora da largada da 25k e da maratona empolgada e divertida, não com o pavor e desconforto com que eu costumava imaginar as minhas outras largadas. Não sei porque foi assim, só sei que gostei. Não sei se alguma coisa em mim realmente mudou ou se foi só um lapso porque nenhuma das duas provas está muito próxima, mas o fato de me desprender do martírio e de todo o peso que uma largada eminente costumava colocar nas minhas costas é motivo o suficiente para me dar mais vontade de treinar e de chegar bem à hora H. E quando digo bem (hoje pela primeira vez) eu quero dizer bem feliz e não só bem treinada. Talvez isso seja um pequeno reflexo da minha mudança de treinador (fiz o teste com a minha nova treinadora, Eliana Reinert, no sábado). E, talvez, a própria mudança de treinador seja um reflexo da minha mudança de comportamento, da maneira como quero que tudo isso funcione para mim. Ainda não consigo identificar o motivo exato para o meu sopro de 'curtição' e talvez isso nem seja importante. Mas eu sei que quero que ele dure, que esse fôlego e o sentimento gostoso me acompanhem até as linhas de chegada.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Discussão pública

Há uns dois dias, criei um grupo no site da Runner's World. Nunca fui muito de grupos de discussão e sites específicos, mas desde que comecei a correr catalogo todos os meus treinos no Training Log do site e costumo ler as últimas matérias. Reparei, neste tempo, que as dúvidas e anseios dos corredores, sejam eles de longa data ou iniciantes, são muito parecidos. Os interesses são parecidos, a rotina é parecida. Cada um na sua, mas com uma coisa muito importante em comum. Nós corredores (e que orgulho de me incluir neste grupo) planejamos a vida em torno deste assunto e isso é inevitável. Comemos pensando na corrida, dormimos pensando na corrida e, em muitos casos, viajamos pensando nas corridas. Quem nunca foi a outra cidade ou país para correr uma prova e acabou aproveitando para conhecer o lugar? (se não foi é porque ainda está no começo, mas logo essa primeira viagem chegará). E falo que foi para correr e aproveitou para conhecer o lugar porque é assim, a gente até prefere uns destinos a outros, mas a primeira escolha é sempre a prova... depois a gente presta mais atenção ao redor. Por isso mesmo, pela vontade de compartir as minhas dúvidas e anseios com outras pessoas como eu (e na tentativa de receber alguns conselhos dos mais experientes) criei um grupo chamado "My First Marathon" no site. Meu intuito é começar uma discussão sobre a primeira vez e tudo o que pode acontecer antes, durante e depois dos 42km. Quem sabe eu consigo até umas dicas de como aproveitar melhor Chicago depois, rs.

My First Marathon

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pra me convencer

Hoje é um daqueles dias nos quais não consigo decidir se eu realmente merecia o descanso ou se saí da linha e deixei a preguiça me ganhar. Levantei de manhã na hora certa, peguei a minha roupa (que já estava separada) e fui me trocar. Fiquei parada, olhando para o espelho por uns cinco minutos, até que voltei para a cama e me rendi. Pedi cinco minutos a mais de sono. Faz muito tempo que eu não faço isso. Essa soneca vai totalmente contra o que eu acredito. Mas hoje, por alguma razão, eu não resisti. Deitei e acordei duas horas depois, muito feliz. Sonhei (muito) e quando abri os olhos eu não sabia nem onde estava. Demorou uns segundos para que eu conseguisse me situar: estava em casa, na minha própria cama. Claro que logo veio o sentimento de culpa, de que eu deveria ter levantado, vencido esse cansaço e corrido (literalmente) para o treino. Mas a verdade é que eu tenho algumas desculpas convencíveis:
1) corri uma meia maratona no domingo
2) não tenho planilha, estou sem treinador/treino até sábado
3) sábado começo um novo plano de treinamento, completamente desconhecido
Por todas essas razões, decidi acreditar que eu merecia esse descanso. No final da semana, serão 4 treinos bem feitos e não 5 mais ou menos. Acho que, nesse momento, isso é mais importante. E sábado começa tudo outra vez. Vamo que vamo!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Recuperação

Uns são contra, outros a favor. Tem gente que não se decide e gente que leva a sério demais, mas a verdade é que todo corredor já parou pra pensar naquela cervejinha do fim de semana ou do jantar num dia quente. Todo corredor já parou, nem que por um segundo, pra pensar se realmente faz diferença ou não. Se é carboidrato para a corrida do dia seguinte ou se é desidatração e calorias extras. Eu já fiquei sem passar perto do copo gelado por muitos dias antes de uma prova e já esqueci da prova no dia seguinte e tomei algumas durante um jantar gostoso ou para fazer parte da turma. Para mim, tudo é questão de equilíbrio. Nada que você faça com prazer e de maneira leve pode ser realmente ruim. Mas deixo claro que estou falando de UMA cervejinha (e 'inha' mesmo) e não uma noitada antes da largada. Acho importante pensar sobre o assunto porque, para um corredor, todas as escolhas do dia são influenciadas pela escolha maior de treinar as passadas. Tudo o que fazemos, influencia os treinos e vice-versa. Mas um hiato para a descontração e um 'treat' (seja ele qual for para quem não é fã do lúpulo e malte) é benéfico... e muitas vezes, necessário. Ontem foi o meu dia de aproveitar os benefícios da pausa para a descontração. Obrigada pelo jantar delicioso, Lá (e pelo copo que me esperava gelado!).

terça-feira, 13 de abril de 2010

Será que agora vai?

Acordei dolorida hoje de manhã, até mais do que ontem, mas resolvi treinar assim mesmo. Fui pra esteira e corri 50' conforme as recomendações do Lá (leve, com 10' moderados no final). Foi bom. Os primeiros 5' pareciam tortura, mas depois tudo foi se encaixando e eu desci da esteira menos dolorida e menos cansada do que quando subi. Definitivamente a prova de domingo foi uma injeção de ânimo e energia em mim. Isso aliado ao fato de que mudei de treinador. Acho que eu estava realmente precisando de novos ares, um novo começo para me manter motivada. E eu espero que este seja só o começo.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Metade do caminho

Consegui. A prova foi divertida... do começo ao fim. Cheguei cedo lá, com tempo para pegar o kit com calma, ir ao banheiro e me preparar para a largada. Larguei com calma, feliz e emocionada com a trilha (que é brega mas funciona) da Carruagem de Fogo ecoando pela USP. Encontrei conhecidos pelo caminho, fiz cada km me policiando para manter um ritmo legal. O caminho todo eu queria ir mais rápido, mas sabia que precisava guardar energia para completar bem os 21km. E foi isso que aconteceu. Eu fiz a prova toda sem sentir aquela coisa horrível da Track, sem sentir que eu tinha que parar, que não conseguiria. Eu nem acredito que foi tão legal. Consegui prestar atenção no caminho, nas pessoas em volta, na minha respiração... em tudo. Foi gostoso. Eu tive que me acalmar algumas vezes, controlar a ansiedade, mas dessa vez eu consegui. Só nos últimos dois quilômetros que o nervosismo me escapou, mas acabei usando essa energia para ir mais rápido, já que estava terminando. O Lá estava me esperando logo na chegada e foi um impulso a mais para o sprint final. Foi a prova cabal: eu adoro meia maratona. Essa é a minha prova ideal! (por enquanto...)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

DIVERSÃO!

Ai ai, tá chegando. Mas hoje eu acordei serena, sem frio na barriga. Agora, pensando no momento da largada, me dá um medinho, mas nada parecido com o que eu senti das outras vezes. O problema é que isso mesmo me deixa preocupada. Isso me faz pensar que a minha ficha não caiu e que a corrida pode ser muito mais difícil do que eu imagino. Ai ai. Mas, tudo bem. Estou começando um novo ciclo, com uma nova treinadora e essa corrida é para fechar este meu primeiro momento. Não tem problema se eu não chegar ao final, se eu não conseguir. Mas quero cruzar a linha de chegada! Vou com calma, de mansinho e tentando aproveitar o acontecimento. Eu já vou estar acordada, bem alimentada e treinada pra isso. Vou fazer o melhor que eu puder no domingo de manhã. O importante é que eu curta o momento. Curta o percurso, a corrida, meu corpo em movimento, a companhia... enfim, que eu curta estar ali. O mais importante é que seja DIVERTIDO! Ai ai.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Pensamento positivo

Tá tudo bem. Vai ser divertido. Vou sem compromisso, sem me preocupar com o tempo. Vou ouvindo música, só as músicas que eu mais gosto. Vou levar o meu gelzinho preferido. Vou tomar um café da manhã delícia depois. Vou tirar foto chorando de novo. O Lá vai tá me esperando na chegada. Tá fácil, tá fácil, tá muito, muito fácil... ai ai ai

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Somethings never change

Domingo está chegando. Eu ainda não pensei muito no assunto, ainda não caiu a minha ficha que serão mais de duas horas correndo... de novo. Eu comecei a ficar apreensiva hoje justamente porque não estou apreensiva como das outras vezes. Pra ser mais clara, eu estou com medo justamente porque dessa vez eu não estou com medo. Não sei se dá para entender, mas a minha falta de preocupação me preocupa. Tô com medo de não estar esperando muita coisa e, na hora, ver que é bem pior do que eu esperava. Talvez isso seja o resultado de um exercício contínuo que estou fazendo para manter a calma: toda vez que penso na corrida, digo a mim mesma que não vou fazer a prova olhando no relógio e que nem quero ver a estratégia montada pra prova. Quero ir no meu ritmo, no ritmo que eu estiver afim de fazer no dia, sem me importar com o tempo. Estou fazendo essa prova para terminar e não para bater um recorde pessoal. Quero curtir o percurso e o exercício. Quero curtir o meu corpo em movimento. E se não der, não deu. Não vou me cobrar tanto como fiz das outras vezes... Mas foi só escrever sobre o assunto, colocar tudo pra fora que as coisas voltaram ao normal. Tô nervosa agora. Xiiii, vou voltar para o meu exercício mental: NÃO ESTOU PREOCUPADA COM O TEMPO / VOU FAZER A PROVA PARA CURTIR / VAI TER UM BELO CAFÉ DA MANHÃ ME ESPERANDO DEPOIS (oops, essa eu deixei escapar sem querer) etc. Algumas coisas nunca mudam...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Argh ou Uhuuu?

Acordei atrasada e com preguiça. Hoje é terça e terça é dia de treino de pista... Depois de uns minutos perdidos olhando para o espelho, decidi que ia de qualquer jeito. Me troquei, tomei café super rápido e saí. Cheguei ao parque só uns 5 minutos atrasada, eu perderia só o alongamento inicial. Sem problemas. Mas, quando saí do carro, o céu desabou. Uma chuva forte, gelada, que não me deixava ver muito a frente. Entrei no carro de novo. Fiquei um minuto olhando para o relógio, pensando se eu deveria enfrentar a chuvarada e fazer o treino de pista ou se eu deveria seguir para a academia e fazer o treino de quinta feira na esteira. Liguei para o Lá para saber o que era melhor, tendo em vista a corrida de domingo que vem. Ele me disse o que eu não queria ouvir: Zi, é melhor fazer a pista hoje, senão fica muito perto da corrida. Desliguei o telefone e resolvi juntar as minhas duas opções. Como continuava chovendo muito, fui para a academia e fiz o treino de pista na esteira. No começo foi estranho, eram tiros de 400m (12 tiros para ser mais específica), mas depois de uns 3 tiros consegui encontrar a fórmula. As pessoas em volta me olhavam como se eu fosse louca. Correndo como uma condenada por um minuto e quarenta (em média) e andando bem devagar depois. A cada tiro alguém me perguntava 'já acabou?'. Tive que responder umas dez vezes que NÃO, ainda tinha alguns tiros para fazer, estava só no intervalo. Não acho que todo mundo tenha entendido, mas tudo bem. No final, quando terminei, fui tomada pelo sentimento do dever cumprido. Fiquei feliz de ter insistido e feito o treino que eu tinha que fazer, na velocidade que estava programada. Claro que não foi exatamente como eu tinha planejado, mas foi bom. E eu nem acredito que estou escrevendo que foi bom. Talvez os treinos de pista não sejam tão ruins assim, pode ser só a minha maneira de ver esses dias, ou algum treino específico. De qualquer jeito, hoje eu até me diverti. Ufa! Há sempre maneiras diferentes de ver a mesma coisa.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quando tudo errado dá certo!

Esse final de semana eu consegui comprovar, para mim mesma, o quanto minha ansiedade e insegurança afetam a minha corrida. Fui para o interior de SP e lá fiz dois treinos bem diferentes. O primeiro, de pista, fiz na esteira da academia da cidade. Treinei de tarde, em um horário estranho para mim, mas foi otimo. Consegui controlar direitinho minha velocidade e terminei o treino cansada, mas tranquila. Eu não estava muito preocupada com a qualidade do treino, para ser bem sincera. Fui para a academia para matar o tempo, enquanto esperava uma carona do meu cunhado de volta para a fazenda. Sem nada mais para fazer, optei pelo treino de pista que não tinha feito durante a semana. Foram 11,2km em mais ou menos 59 minutos. Um tempo melhor do que a provinha de 10k da semana passada. Claro que eu estava na esteira e isso faz toda diferença, mas o que me chamou a atenção é que eu não fiquei mal, como fiquei na provinha, em nenhum momento. Fiz tudo como eu queria fazer e o treino fluiu. No dia seguinte, aproveitando o feriado, eu descansei. No sábado, acordei um pouco mais tarde do que o planejado e já chovia bastante. Tomei coragem, me troquei e fiquei pronta para o treino longo. Não era muito, 80 minutos, mas com o frio e a chuva lá fora, parecia muito mais. O Lá resolveu me acompanhar, ele queria dar uma 'soltada' e achou uma boa acompanhar meu ritmo. Fiquei feliz com a companhia, adoro correr ao lado dele. Bom, passou um tempinho e finalmente a chuva pareceu dar uma baixada. Saímos na garoa, eu estava decidida a ir de qualquer jeito. Era o meu último longo antes da meia maratona da Corpore. Eu tinha que ir. Primeiro fizemos o percurso de carro, deixando garrafas de água e um gel de carboidrato em locais estratégicos, escondidos no meio do mato. De dentro do carro parecia que teríamos que correr horas e horas para completar o percurso, fiquei com preguiça. Em seguida, com tudo pronto, enfrentamos o mau tempo. A chuva já tinha apertado outra vez, mas nem falamos sobre o assunto. Fomos. No início eu fiquei cansada, achei que seria bem pior do que foi, mas de repente eu percebi os quilômetros passando, minha respiração melhorando (graças aos comentários do Lá) e comecei a curtir cada minuto do treino. Passou bem mais rápido do que eu esperava. Felizmente a estradinha ajudou. O caminho de ida era cheio de subidas e elevações mas, consequentemente, a volta foi bem tranquila. Quando estávamos quase de volta o Lá me disse: Zi, estamos quase lá, tá na hora de apertar o passo. Pronto. Fiquei ansiosa, minha respiração voltou à desordem e meu coração lá em cima. Eu respondi: f... já tô daquele jeito, não quero apertar. O Lá então me traquilizou, me disse que não tínhamos que fazer nada, podíamos continuar naquele ritmo, para eu não me preocupar. Mas ele disse depois: Zi, você tem que confiar na sua corrida. Só isso. Ele não precisou falar mais nada, nem acelerar para me puxar. Eu mesma, sozinha, decidi que queria fazer isso... e deu certo. Fizemos a última parte do percurso em um ritmo maior do que o resto, como tinha que ser segundo a minha planilha. Fiquei muito feliz e consegui curtir o treino todo. Tudo porque estava chovendo, estávamos em outro lugar, num percurso mais difícil e eu ainda tinha domingo para treinar se nada desse certo. E todos esses contras me dariam as desculpas necessárias, caso eu não conseguisse. Por isso mesmo, porque eu não precisei me cobrar e não esperava um bom resultado, fiz o meu melhor treino longo do ano. E um dos mais gostosos da minha vida. Terminei com um pace médio mais veloz do que o que eu tinha que fazer, e sem me esforçar muito para isso, sem pensar que eu queria fazer isso. Eu queria que fosse sempre assim. Será que eu vou conseguir curtir a prova de domingo que vem?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Marte ataca

Corri a Track and Field ontem de manhã. Na sexta-feira eu estava confiante. Acordei com uma boa energia acumulada no sábado, sem medo. Certa de que eu conseguiria fazer o tempo estipulado pela estratégia do meu treinador. Estava um pouco insegura, claro, mas eu tinha ainda a vantagem de contar com a Paulinha do meu lado durante a prova, para me dar mais força e confiança. Mas, como as coisas nunca acontecem exatamente do jeito que a gente imagina, tive um dia muito duro no sábado. Cheguei em casa cansada e fui dormir cedo, mas derrotada. Passei a noite toda olhando no relógio, com medo da hora de levantar chegar. De manhã, acordei na hora certa, fiz tudo com calma. Tomei um bom café, me troquei, cheguei cedo na prova e encontrei todo mundo que queria. Fui para a linha de chegada sem pressa e sem muito nervosismo. Bem menos do que eu normalmente sinto. Largamos bem, estava mais rápida do que o planejado nos primeiros dois quilômetros, mas achei que eu não estivesse ligando muito para isso. No km 4 eu comecei a respirar mais forte, me sentir mais cansada e perdi o controle. Todos os pensamentos ruins que eu estava suprimindo vieram a tona. E, pronto, liberei o meu ataque de ansiedade. Respiração pesada, coração disparado, pernas pesadas, vontade de parar e a certeza de que eu não ia conseguir chegar ao próximo quilômetro. E mais, a 'obrigação' de continuar a corrida no ritmo da (Ana) Paulinha. Não que ela estivesse ditando o ritmo, ela estava ao meu lado o tempo inteiro, me incentivando e se não fosse por ela, eu não teria terminado a prova. Por isso mesmo, eu não queria decepcioná-la, de jeito nenhum. E não queria me decepcionar. Queria terminar a prova dentro do tempo previsto. Mas desisti. No minuto em que eu entrei em pânico, eu desisti. Não consegui mais recuperar a calma, nem a respiração e muito menos a velocidade. Fui fazendo cada km mais devagar e ficando mais desesperada. No final, quando vi a linha de chegada, me libertei. Minhas pernar ficaram mais leves e eu consegui dar um sprint final, o que prova que eu ainda tinha forças para continuar. Mas não adiantava mais, já tinha sofrido o caminho todo e já tinha perdido o meu tempo ideal. Pra falar a verdade, eu nem lembro do caminho da prova. Não lembro direito por onde passamos e nem de quem estava perto de mim. Não aproveitei... Na hora dividi a culpa com o meu treinador, que não me dá um feedback há algum tempo e me deixa insegura. Agora, eu acho que isso até conta, mas a verdade é que o problema está dentro de mim. Tenho que aprender a lidar com os meus demônios e usar as corridas para o meu prazer, para colocar tudo para fora e não para intensificar ainda mais o stress do dia a dia. Durante a prova, eu jurei pra mim mesma que não ia mais fazer nenhuma corrida de 10km. Agora, que eu consigo ver as coisas mais claramente, acabo de decidir que eu quero continuar fazendo as provinhas, mas sem me cobrar tanto. Se eu for, vai ser pra curtir e não para ficar olhando a cada segundo no relógio.

quarta-feira, 24 de março de 2010

To the beat

Comecei a montar uma playlist pra maratona. Sei que ainda faltam seis meses e que até lá eu já posso estar cansada de muitas dessas músicas, mas em várias ocasiões eu me peguei pensando 'essa música eu quero na minha playlist da maratona' e fiquei com medo de esquecer alguma delas, ou de fazer isso com pressa depois. Desse jeito, começando agora, eu posso montar aos poucos. Posso ir pegando uma música aqui, outra alí. No final, acho que vou inclusive escutar umas músicas que eu nem vou lembrar que coloquei na lista quando chegar a hora H. E essa surpresa vai ser importante. Vai me dar aquele empurrãozinho de vez em quando. Quero montar uma lista grande, com pelo menos umas 4 horas de música. Pra me entreter durante todo o caminho. Nesses 42km toda ajuda é bem-vinda.

PS: por mais úteis que possam ser, continuo odiando os treinos de pista.

terça-feira, 23 de março de 2010

Confissões de terça de manhã

É necessário? É.

Vou fazer do jeito que tem que ser? VOU.

Mas eu preciso registrar (pelo menos uma única vez) que EU ODEIO TREINO DE PISTA!

segunda-feira, 22 de março de 2010

I got a feeling...

Talvez as dores no joelho, bolhas no pé e coisas do tipo sejam mesmo ossos do ofício (ou do hobby no meu caso). Eu me desespero, fico preocupada, pensando na dos no joelho o tempo todo, mas talvez isso seja mais uma das coisas com as quais qualquer corredor precisa aprender a lidar. Claro que não dá para deixar de lado, não prestar atenção e esperar um problema maior surgir, mas talvez as coisas não sejam assim tão preocupantes quanto eu acho que são. Talvez eu deva desencanar um pouco e prestar mais atenção na minha corrida, nos meus minutos em movimento. Foi isso que eu fiz neste sábado... e funcionou. Fiz meu longo concentrada, sem música até. Encontrei meu ritmo e fui até o final. Cansei, mas foi menos exaustivo do que muitos outros longos menores. Eu tenho que recuperar aquela minha vontade de conseguir, de me superar. A vontade que me fazia aguentar até o final, procurar aquela última reserva de energia que me faz desistir do caminho mais fácil. Tô precisando recuperar aquela motivação. Porque quando eu consigo, quando eu resgato aquele sentimento, tudo corre melhor. Inclusive eu.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Hard on the knees

Tô preocupada. Senti bastante a dor no joelho ontem durante a corrida na esteira e hoje também, só caminhando de volta da academia. Saco! Eu achei que já tinha me livrado desse problema, mas não. Foi só parar a fisioterapia por duas semanas e senti a dor de novo. Não sei direito o que fazer. Vou a médica de novo, ver se tomo o remédio e retomo as sessões de fisioterapia. Mas não quero que isso atrapalhe os meus planos. Talvez isso seja até um pouco psicológico. Claro que essa dor é uma forte desculpa para não estar no meu melhor momento e não dar o máximo nos treinos. E eu não quero isso, não quero ter desculpas. Não quero ter mais obstáculos do que a minha própria vontade e o meu próprio corpo. Tudo bem, a dor no joelho é um problema do meu próprio corpo, mas quando escrevo isso, me refiro ao meu limite de esforço físico. Quero ter a certeza de que estou fazendo o melhor que posso. Não quero parar por causa dessa dor.  Ainda mais agora que decidi colocar as coisas no eixo e voltar aos treinos com mais disciplina.
Mais sobre o assunto: joelhos e corrida

segunda-feira, 15 de março de 2010

Semana fraca/semana forte

Nossa, faz quase tanto tempo que não corro quanto que não escrevo aqui. A semana passada foi muito corrida, muito diferente da minha rotina. Trabalhei muito, desde cedo, e não consegui correr nem um dia, só no sábado. Fiz uns treinos de musculação e bike, mas correr... não corri. Mesmo assim, ou por isso mesmo, meu longo no sábado foi bom. Fiz com pressa porque tinha que trabalhar e fiz 10% a menos do que estava na planilha, como mandou meu treinador, porque eu estava a uma semana sem correr. Fiz o treino todo num ritmo confortável e terminei bem. Estava muito feliz quando saí da USP, (eu adoro os meus longos apesar da preguiça antes de começar). Me sentia leve e tranquila. Bem diferente do resto todo da semana. Aquele sentimento do qual eu sempre falo... Hoje eu acordei decidida a voltar tudo ao normal. Fiz meu treino de musculação e, depois, 40 minutos leve na esteira, para começar a semana. Foi o suficiente pra começar bem o meu dia. Cheguei no trabalho e encontrei um email do meu treinador com a estratégia para a Track&Field 10km, daqui a duas semanas. Quero fazer a minha melhor prova de 10km até hoje. Convenci minha professora da musculação a correr do meu lado, pra me puxar caso eu dê uma bobeada. Acho que de vez em quando as coisas tem que ser assim comigo. Eu duvido demais da minha capacidade, preciso de alguém que me 'obrigue' a fazer força e dar o meu melhor. Tô torcendo pra fazer o meu melhor no dia 28. Com certeza, vai ser um bom incentivo para o que vem pela frente.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Obrigada, Rodolfo.

Ganhei um livro do Lá ontem a noite. Um livro do Rodolfo Lucena, um ultramaratonista e colunista da Folha. Comecei a ler sem compromisso e me surpreendi. Eu tenho a forte suspeita de que ele escreve os textos logo quando volta dos treinos, não é possível. Ele descreve exatamente o que eu sinto depois de uma prova longa ou de um treino duro. É uma sensação diferente, de controle e libertação ao mesmo tempo. De exaustão e euforia. Não dá para explicar. A cada frase do livro, eu ficava mais grata e orgulhosa de ter dado as minhas primeiras passadas e, mais do que isso, de ter dado as passadas seguintes, de ainda não ter parado. Senti que apesar de ter preguiça, de sofrer, de abrir mão de muitas coisas, como horas a mais de sono e algumas noites de festa com os amigos, eu descobri um outro universo. Descobri um mundo que eu achava que era só meu, mas que tive a certeza, ontem a noite, lendo as primeiras páginas do Rodolfo, que é de uma série de pessoas que compartilham as minhas escolhas. Em um determinado momento, ele escreve que, quando corremos, estamos blindados, mais protegidos do que se estivéssemos andando, e temos o controle do nosso corpo, vamos para onde quisermos e voltamos quando nos bem entender. E esse é um sentimento completamente diferente de qualquer outro. Os meus quilômetros são um encontro comigo mesma, uma maneira de me conhecer melhor, de me organizar e de colocar para fora todo o resto do mundo. As minhas corridas são momentos só meus, que eu posso decidir se quero compartilhar ou não. Posso seguir sozinha ou posso deixar alguém entrar. É difícil explicar. Eu só sei que, depois da minha primeira medalha (numa prova de 10km), a minha maneira de ver o mundo e de me ver mudou. E eu fui mais feliz.
As palavras do Rodolfo ontem me relembraram tudo isso, me trouxeram de volta o sentimento perdido no meio da cobrança das planilhas e da 'obrigação' de cumprir as tabelas. Lembrei porque eu ainda levanto cedo todos os dias, lembrei porque chorei como uma criança quando terminei a minha primeira meia-maratona, lembrei porque eu, ao olhar para a rua, seja onde for, sempre vejo uma 'pista' um caminho para as minhas passadas. Lembrei inclusive a razão pela qual eu decidi fazer a inscrição na maratona. Obrigada por isso, Rodolfo. E obrigada, Lá!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

E agora?

Como tudo na vida, a corrida também tem altos e baixos. E não estou falando da subida da Biologia ou outros acidentes geográficos, estou falando da vontade e da performance.  No começo, eu tinha aquele gás, aquela empolgação, que me fazia levantar da cama, sair correndo e dar o meu melhor a cada passada. Normalmente isso nem era tão bom, eu sempre saía mais forte do que o necessário e chegava ao final quase sem ar. Mas eu dava o meu melhor. E me cobrava isso. Nunca aceitei menos do que o meu melhor. Até que eu percebi que não era bem assim, eu não precisava fazer tudo TÃO forte, TÃO ao extremo. Poderia dosar o meu esforço e, desse jeito, até melhorar a performance. Eu não sou atleta profissional, posso me dar ao luxo de fazer as coisas com um pouco mais de calma. Mas aí veio aquela preguicinha, aquele sentimento que eu antes abominava, mas que hoje (justamente hoje, no treino de pista) foi difícil segurar. Não consegui terminar meus 5 tiros de 1000m. Fiz 4. Eu já comecei o dia sem a menor vontade de correr, o que não acontecia no início. No aquecimento, que sempre funcionou muito bem pra mim, eu já queria desistir. Fiz o primeiro tiro contando os metros e pensando em todos os outros que teriam que vir depois. Me cansei antes mesmo de começar. Foi sabotagem, pura e simples. Não que eu não tenha me esforçado, terminei o quarto tiro com o coração batendo a 193 por minuto. Eu realmente tentei mas, mesmo assim, mesmo indo até o limite, não consegui manter o tempo e a progressão. Terminei o quarto tiro num tempo maior do que o terceiro... maior do que todos os outros, na verdade. Acabei me sabotando, me cansando antes mesmo de começar a fazer força. Mas o que mais me preocupou é que fiquei triste, mas não tão triste quanto eu ficaria se isso acontecesse a um ano atrás. Será que isso é bom ou ruim? Será que aquela cobrança severa me fazia bem? Me fazia ir mais longe? Ou será que hoje é só um daqueles dias cansados, nos quais não temos vontade ou forças para agir normalmente? Será que isso é normal?
De qualquer maneira, quando terminei o treino, eu já queria desistir da maratona, já queria esquecer a corrida e me dedidar exclusivamente a encher a cara de muffins na viagem para Chicago. Será que ISSO é normal?
Claro que não fiz nenhuma loucura, minha inscrição ainda está intacta e tudo corre como o planejado... menos eu... será que amanhã chega logo?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Bem-vindo, Porter!

Quando comecei a pensar no assunto, a última coisa que poderia ter vindo à minha mente era que ele, o Porter, seria o responsável por uma leve sabotada nos meus treinos. Nem me passou pela cabeça que as duas coisas teriam qualquer relação. Mas a verdade é que, assim que ele chegou, a minha rotina mudou. Vou explicar: Porter é o novo membro da minha família, nosso bulldog. Ele tem quase dois meses, é muito novinho. Chegou no sábado (depois do meu treino longo, claro). E foi quando tudo começou. Foi amor à primeira vista. Tão pequeno, tão fofo. Ele logo se instalou no cantinho preferido e lá ficou, sem dar trabalho nenhum. Mas, ansiosa como eu sou, não consegui ficar parada. A cada 2 minutos eu levantava para ver o que ele estava fazendo. As visitas foram chegando e saindo, foi um carnaval intenso. Ele ainda não aprendeu a fazer tudo no jornal, então foram rolos de papel toalha e desinfetante, até eu descobrir o mega rolo de perfex. O domingo começou cedo, as 7 horas. Ele acorda todo dia as 7 horas. Na segunda, eu já comecei o treino cansada e culpada por deixá-lo sozinho. Foi mais difícil do que deveria ter sido, até porque era o meu treino easy da semana. Na terça, quando chegou a hora da pista, não consegui levantar. Decidi dormir mais 5 minutinhos, o que eu nunca faço, e acordei as 10:30, com o sol a pino. Fiquei em casa. Na quarta, fiz meu treino de musculação e, depois, para recuperar o dia perdido, fiz o treino da quinta. Hoje, quinta feira, fiz o treino de terça, mas fiz na esteira porque chovia muito quando eu saí para correr. Não foi um super treino de pista, mas foi melhor do que nada. Depois, no caminho para a produtora, eu quase dormi no carro. E ainda tô quase dormindo. Na segunda, antes de dormir, eu estava chorando de cansaço. Reclamando com o Lá que eu não ia conseguir completar meus treinos para a maratona por causa do cansaço do Porter. Que confusão. Troquei todos os dias, me virei, chorei, mas acho que consegui recuperar pelo menos um pouco da semana diferente... O estranho é que, mesmo assim, quando acordei hoje de manhã, certa de que teria que correr para arrumar a área onde ele dormiu e, ainda, conseguir fazer o treino mais difícil da semana, levantei no maior pique, com uma vontade enorme de ver aqueles olhinhos e dar um abraço bem apertado no pequeno, que não gosta nada dos meus apertos, mas que eu adoro ouvir reclamar. No fim das contas, essas coisas são uma delícia, uma distração que não fazem mal, pelo contrário, acabam me dando mais gás para fazer os treinos bem feitos. E, ainda, me acordam no horário certo, com um escândalo, para eu não perder a hora de jeito nenhum.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quando o dia fica estranho

Ontem li uma entrevista bem legal da Alanis Morissete para a Runners World. Ela conta do treinamento para a primeira maratona. Fala de alimentação, descanço, conhecimento do corpo, baladas etc. Apesar de não ser nada que eu nunca tenha ouvido, ou lido, essa entrevista me acalmou. Consegui entender um pouco mais meu corpo como instrumento e não como adorno, como ela mesma diz. Eu não preciso me desesperar toda vez que estou correndo, ou porque acho que tenho que ir mais rápido ou porque falta muito para os 42km. A entrevista me fez pensar e, pensando, percebi que esse processo deve ser mais orgânico, mais engrenado do que eu estou deixando ser. Os treinos de verdade, para a maratona, ainda nem começaram e, quando começarem, tudo o que eu preciso fazer é fazê-los bem. Acostumar meu corpo com o que eu quero fazer e as coisas vão se encaixar. Se hoje eu fico cansada depois de um treino de 17km é porque esse é o meu limite. Mais para frente, esse limite vai mudar, vai esticar. Eu tenho que deixar as coisas acontecerem naturalmente e essa é a minha maior dificuldade agora. Mas, infelizmente, hoje não é um bom dia para falar nos treinos. Acordei com dor de garganta e não fui treinar por ordens médicas. Tudo bem, o descanso faz parte do plano e prefiro perder um treino mais moderado e ficar bem para o meu longão do que o contrário. Mas que o dia fica estranho quando eu não treino de manhã, fica... e ainda bem que é assim.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Da perspectiva

Faz um tempinho que não escrevo. Acho que aumentaram um pouco os treinos e junto veio a preguiça de esticar esses momentos durante o meu dia. É gostoso falar desse assunto, mas de vez em quando eu preciso de um break, mesmo que seja só um break intelectual. De vez em quando eu me pego tentando entender porque estou fazendo tudo isso. Porque quero treinar mais sério? Porque seguir a planilha? Porque correr a maratona? De vez em quando eu me perco nas metas, nos pequenos desafios das planilhas e esqueço que há outras coisas lá fora, outros momentos para curtir, muitas horas nas quais eu não estou treinando e nem descansando para treinar depois. Sou tão ansiosa que aqueles poucos minutos (que são poucos mesmo se comparados às 24 horas do dia) de treino me tomam o pensamento inteiro. Fico constantemente pensando que amanhã tenho que levantar cedo para treinar, que tenho que comer bem porque treinei hoje e que todos os meus treinos dessa semana não chegam nem perto dos 42 km que eu me propus a enfrentar no final do ano. E isso cansa. Parece que ao invés de uma ou duas horas de treino, eu fico 15 horas por dia nessa mecânica. Não é sempre assim, mas quando é, eu preciso de um break. Preciso deixar esse assunto de lado por um tempinho ou, talvez, reler os textos mais antigos, para recuperar os motivos que me fizeram escolher essa rotina para começo de conversa. Não sei. Mas de alguma maneira eu preciso relaxar, até porque os meus melhores treinos e melhores resultados sempre vieram quando eu não estava esperando ansiosamente. Vieram quando eu estava relaxada e curtindo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O primeiro encontro

Cheguei na produtora hoje de manhã e abri o site da Runner's World para logar meu treino, como faço toda manhã. Mas, no meio do caminho, parei para ler o blog diário deles. O texto é divertido e expressa direitinho o que eu senti no sábado passado, durante o meu treino longo. O texto diz que correr com alguém pela primeira vez é mais ou menos como sair com alguém pela primeira vez. O primeiro encontro, seja para a corrida ou com outros interesses, faz brotar sentimentos similares. No sábado passado, combinei de correr pela primeira vez com o meu cunhado. Ele começou a correr faz pouco tempo e eu não tinha idéia do que esperar. Cheguei antes, fiz uns quilômetros no meu ritmo (para garantir) e depois encontrei com ele. Saímos num ritmo tranquilo, do jeito que eu queria. Fiquei apreensiva porque não sabia o quanto ele aguentaria e se estávamos numa velocidade boa para ele não se machucar. Ao mesmo tempo, eu queria fazer um belo treino, completar a minha planilha com louvor e, claro, não passar vergonha na frente dele. No início foi um pouco estranho, mas não demorou para a gente entrar no mesmo passo. Fomos conversando quando dava e calados quando tínhamos que nos concentrar. Os quilômetros passaram rápido e ele me acompanhou até o final. Foram os primeiros 10km dele. Ele ficou super animado e eu consegui um parceiro muito divertido para alguns sábados.  Claro que esse não foi um primeiro encontro nos moldes que essa espressão induz, até porque ele é meu cunhado. Mas as questões que esse 'primeiro encontro' levantaram foram muito parecidas com um primeiro encontro comum. A apreensão até encontrá-lo, o sentimento de não saber exatamente o que esperar, a vontade de passar uma boa impressão (de que eu realmente corro bem rsss) e a preocupação em ficar preocupada foram muito familiares. Mas felizmente tudo correu bem... literalmente.

Aqui vai o link do blog da Runner's World. Vale a pena.
http://dailyviews.runnersworld.com/