terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

E agora?

Como tudo na vida, a corrida também tem altos e baixos. E não estou falando da subida da Biologia ou outros acidentes geográficos, estou falando da vontade e da performance.  No começo, eu tinha aquele gás, aquela empolgação, que me fazia levantar da cama, sair correndo e dar o meu melhor a cada passada. Normalmente isso nem era tão bom, eu sempre saía mais forte do que o necessário e chegava ao final quase sem ar. Mas eu dava o meu melhor. E me cobrava isso. Nunca aceitei menos do que o meu melhor. Até que eu percebi que não era bem assim, eu não precisava fazer tudo TÃO forte, TÃO ao extremo. Poderia dosar o meu esforço e, desse jeito, até melhorar a performance. Eu não sou atleta profissional, posso me dar ao luxo de fazer as coisas com um pouco mais de calma. Mas aí veio aquela preguicinha, aquele sentimento que eu antes abominava, mas que hoje (justamente hoje, no treino de pista) foi difícil segurar. Não consegui terminar meus 5 tiros de 1000m. Fiz 4. Eu já comecei o dia sem a menor vontade de correr, o que não acontecia no início. No aquecimento, que sempre funcionou muito bem pra mim, eu já queria desistir. Fiz o primeiro tiro contando os metros e pensando em todos os outros que teriam que vir depois. Me cansei antes mesmo de começar. Foi sabotagem, pura e simples. Não que eu não tenha me esforçado, terminei o quarto tiro com o coração batendo a 193 por minuto. Eu realmente tentei mas, mesmo assim, mesmo indo até o limite, não consegui manter o tempo e a progressão. Terminei o quarto tiro num tempo maior do que o terceiro... maior do que todos os outros, na verdade. Acabei me sabotando, me cansando antes mesmo de começar a fazer força. Mas o que mais me preocupou é que fiquei triste, mas não tão triste quanto eu ficaria se isso acontecesse a um ano atrás. Será que isso é bom ou ruim? Será que aquela cobrança severa me fazia bem? Me fazia ir mais longe? Ou será que hoje é só um daqueles dias cansados, nos quais não temos vontade ou forças para agir normalmente? Será que isso é normal?
De qualquer maneira, quando terminei o treino, eu já queria desistir da maratona, já queria esquecer a corrida e me dedidar exclusivamente a encher a cara de muffins na viagem para Chicago. Será que ISSO é normal?
Claro que não fiz nenhuma loucura, minha inscrição ainda está intacta e tudo corre como o planejado... menos eu... será que amanhã chega logo?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Bem-vindo, Porter!

Quando comecei a pensar no assunto, a última coisa que poderia ter vindo à minha mente era que ele, o Porter, seria o responsável por uma leve sabotada nos meus treinos. Nem me passou pela cabeça que as duas coisas teriam qualquer relação. Mas a verdade é que, assim que ele chegou, a minha rotina mudou. Vou explicar: Porter é o novo membro da minha família, nosso bulldog. Ele tem quase dois meses, é muito novinho. Chegou no sábado (depois do meu treino longo, claro). E foi quando tudo começou. Foi amor à primeira vista. Tão pequeno, tão fofo. Ele logo se instalou no cantinho preferido e lá ficou, sem dar trabalho nenhum. Mas, ansiosa como eu sou, não consegui ficar parada. A cada 2 minutos eu levantava para ver o que ele estava fazendo. As visitas foram chegando e saindo, foi um carnaval intenso. Ele ainda não aprendeu a fazer tudo no jornal, então foram rolos de papel toalha e desinfetante, até eu descobrir o mega rolo de perfex. O domingo começou cedo, as 7 horas. Ele acorda todo dia as 7 horas. Na segunda, eu já comecei o treino cansada e culpada por deixá-lo sozinho. Foi mais difícil do que deveria ter sido, até porque era o meu treino easy da semana. Na terça, quando chegou a hora da pista, não consegui levantar. Decidi dormir mais 5 minutinhos, o que eu nunca faço, e acordei as 10:30, com o sol a pino. Fiquei em casa. Na quarta, fiz meu treino de musculação e, depois, para recuperar o dia perdido, fiz o treino da quinta. Hoje, quinta feira, fiz o treino de terça, mas fiz na esteira porque chovia muito quando eu saí para correr. Não foi um super treino de pista, mas foi melhor do que nada. Depois, no caminho para a produtora, eu quase dormi no carro. E ainda tô quase dormindo. Na segunda, antes de dormir, eu estava chorando de cansaço. Reclamando com o Lá que eu não ia conseguir completar meus treinos para a maratona por causa do cansaço do Porter. Que confusão. Troquei todos os dias, me virei, chorei, mas acho que consegui recuperar pelo menos um pouco da semana diferente... O estranho é que, mesmo assim, quando acordei hoje de manhã, certa de que teria que correr para arrumar a área onde ele dormiu e, ainda, conseguir fazer o treino mais difícil da semana, levantei no maior pique, com uma vontade enorme de ver aqueles olhinhos e dar um abraço bem apertado no pequeno, que não gosta nada dos meus apertos, mas que eu adoro ouvir reclamar. No fim das contas, essas coisas são uma delícia, uma distração que não fazem mal, pelo contrário, acabam me dando mais gás para fazer os treinos bem feitos. E, ainda, me acordam no horário certo, com um escândalo, para eu não perder a hora de jeito nenhum.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quando o dia fica estranho

Ontem li uma entrevista bem legal da Alanis Morissete para a Runners World. Ela conta do treinamento para a primeira maratona. Fala de alimentação, descanço, conhecimento do corpo, baladas etc. Apesar de não ser nada que eu nunca tenha ouvido, ou lido, essa entrevista me acalmou. Consegui entender um pouco mais meu corpo como instrumento e não como adorno, como ela mesma diz. Eu não preciso me desesperar toda vez que estou correndo, ou porque acho que tenho que ir mais rápido ou porque falta muito para os 42km. A entrevista me fez pensar e, pensando, percebi que esse processo deve ser mais orgânico, mais engrenado do que eu estou deixando ser. Os treinos de verdade, para a maratona, ainda nem começaram e, quando começarem, tudo o que eu preciso fazer é fazê-los bem. Acostumar meu corpo com o que eu quero fazer e as coisas vão se encaixar. Se hoje eu fico cansada depois de um treino de 17km é porque esse é o meu limite. Mais para frente, esse limite vai mudar, vai esticar. Eu tenho que deixar as coisas acontecerem naturalmente e essa é a minha maior dificuldade agora. Mas, infelizmente, hoje não é um bom dia para falar nos treinos. Acordei com dor de garganta e não fui treinar por ordens médicas. Tudo bem, o descanso faz parte do plano e prefiro perder um treino mais moderado e ficar bem para o meu longão do que o contrário. Mas que o dia fica estranho quando eu não treino de manhã, fica... e ainda bem que é assim.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Da perspectiva

Faz um tempinho que não escrevo. Acho que aumentaram um pouco os treinos e junto veio a preguiça de esticar esses momentos durante o meu dia. É gostoso falar desse assunto, mas de vez em quando eu preciso de um break, mesmo que seja só um break intelectual. De vez em quando eu me pego tentando entender porque estou fazendo tudo isso. Porque quero treinar mais sério? Porque seguir a planilha? Porque correr a maratona? De vez em quando eu me perco nas metas, nos pequenos desafios das planilhas e esqueço que há outras coisas lá fora, outros momentos para curtir, muitas horas nas quais eu não estou treinando e nem descansando para treinar depois. Sou tão ansiosa que aqueles poucos minutos (que são poucos mesmo se comparados às 24 horas do dia) de treino me tomam o pensamento inteiro. Fico constantemente pensando que amanhã tenho que levantar cedo para treinar, que tenho que comer bem porque treinei hoje e que todos os meus treinos dessa semana não chegam nem perto dos 42 km que eu me propus a enfrentar no final do ano. E isso cansa. Parece que ao invés de uma ou duas horas de treino, eu fico 15 horas por dia nessa mecânica. Não é sempre assim, mas quando é, eu preciso de um break. Preciso deixar esse assunto de lado por um tempinho ou, talvez, reler os textos mais antigos, para recuperar os motivos que me fizeram escolher essa rotina para começo de conversa. Não sei. Mas de alguma maneira eu preciso relaxar, até porque os meus melhores treinos e melhores resultados sempre vieram quando eu não estava esperando ansiosamente. Vieram quando eu estava relaxada e curtindo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O primeiro encontro

Cheguei na produtora hoje de manhã e abri o site da Runner's World para logar meu treino, como faço toda manhã. Mas, no meio do caminho, parei para ler o blog diário deles. O texto é divertido e expressa direitinho o que eu senti no sábado passado, durante o meu treino longo. O texto diz que correr com alguém pela primeira vez é mais ou menos como sair com alguém pela primeira vez. O primeiro encontro, seja para a corrida ou com outros interesses, faz brotar sentimentos similares. No sábado passado, combinei de correr pela primeira vez com o meu cunhado. Ele começou a correr faz pouco tempo e eu não tinha idéia do que esperar. Cheguei antes, fiz uns quilômetros no meu ritmo (para garantir) e depois encontrei com ele. Saímos num ritmo tranquilo, do jeito que eu queria. Fiquei apreensiva porque não sabia o quanto ele aguentaria e se estávamos numa velocidade boa para ele não se machucar. Ao mesmo tempo, eu queria fazer um belo treino, completar a minha planilha com louvor e, claro, não passar vergonha na frente dele. No início foi um pouco estranho, mas não demorou para a gente entrar no mesmo passo. Fomos conversando quando dava e calados quando tínhamos que nos concentrar. Os quilômetros passaram rápido e ele me acompanhou até o final. Foram os primeiros 10km dele. Ele ficou super animado e eu consegui um parceiro muito divertido para alguns sábados.  Claro que esse não foi um primeiro encontro nos moldes que essa espressão induz, até porque ele é meu cunhado. Mas as questões que esse 'primeiro encontro' levantaram foram muito parecidas com um primeiro encontro comum. A apreensão até encontrá-lo, o sentimento de não saber exatamente o que esperar, a vontade de passar uma boa impressão (de que eu realmente corro bem rsss) e a preocupação em ficar preocupada foram muito familiares. Mas felizmente tudo correu bem... literalmente.

Aqui vai o link do blog da Runner's World. Vale a pena.
http://dailyviews.runnersworld.com/

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

And I´m back in the game!

Hoje fiz meu primeiro treino de pista do ano no parque, junto com a assessoria. Levantei com a idéia de fazer o treino na academia ou, talvez, até trocá-lo pelo treino de quinta-feira porque estou dolorida da musculação de ontem. Mas a verdade é que eu estava com preguiça e com medo de ir ao parque. Preguiça porque eu sabia que, com o pessoal da assessoria lá, não teria moleza, eu teria que fazer o meu melhor. E medo porque eu temia que meu melhor já nao fosse bom. Na verdade, eu tinha séria suspeita de que meu melhor seria terrível depois de tanto tempo sem treinar direito. Mas o Lá gritou lá do quarto: ¨sem preguiça Zi!¨e eu não tive outra alternativa. Pensei: "se eu estou levando esse treinamento a sério, não posso fazer corpo mole". E tudo conspirou para que eu fosse ao mesmo parque. Acordei mais cedo sem querer, sem escutar o relógio. Tomei café e achei a minha roupa mas rápido do que o habitual. Terminei tudo o que tinha para fazer de manha em tempo recorde, e olha que eu nem estava fazendo muito esforço para isso. Quando cheguei na garagem, meu carro estava livre (divido a vaga com um vizinho e, de vez em quando/quase sempre, tenho que tirar o carro dele do caminho para sair com o meu). Foi mais uma daquelas coincidências que nos fazem crer que há uma força maior, chamada destino ou o que quer que seja, que controla os acontecimentos em volta. Bom, como não tinha desculpas, segui para o parque. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Meu treino foi muito bom (talvez não tão bom como antes, mas muito melhor do que eu esperava). Terminei muito satisfeita e com aquele sentimento incomparável de dever cumprido (e bem feito). Saí de lá sentindo que o caminho para os 42km pode ser um pouco mais tranquilo do que eu estava imaginando. Ou não. Mas de qualquer maneira, foi muito bom sentir que estou de volta, que não falta muito para me recuperar e, melhor ainda, que eu estou descansada o suficiente para fazer essa volta tranquilamente. Uhuuu! E viva o running buzz.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Nada como um chacoalhão...

O desafio está funcionando. Hoje comecei os treinos de musculação com uma nova professora, a Paulinha, que eu absolutamente adoro! Descobri que estou muito mais fraca do que eu imaginava. Vem daí as minhas dores no joelho. Já sofri no primeiro treino, mas não reclamei. Quanto mais rápido eu conseguir fortalecer as pernas, melhor, mais tempo eu consigo para treinar sério para a maratona. Depois do treino de força, corri meus 45' confortáveis, como mandava a planilha. Saí da academina bem satisfeita. Cheguei no trabalho e dei uma geral nos meus relatórios de treino. Eu não tinha mandado para o meu treinador os relatórios das últimas duas semanas. Refiz todos e mandei junto com um email gigante, no qual eu pedi para apertar as rédeas do meu treinamento. Muito por minha culpa, meus treinos estão muito soltos. Eu não sei exatamente porque aquelas instruções estão na planilha, não sei como vão ser as minhas próximas semanas, quando vai ser meu próximo longão (de verdade)... enfim, eu quero entender melhor o que está planejado para mim, quero entender a estratégia que vamos usar para a maratona, quero conseguir me programar. O treino para uma prova assim é mais intenso do que o normal. A preparação demanda um planejamento, uma série de escolhas que terei que fazer. Horas de sono, horário dos treinos, do trabalho, das refeições, das saídas à noite. Tudo vai ter que se adaptar à minha escolha e eu decidi reunir todas as informações possíveis para entender melhor o que meu treinador está planejando e para que eu possa me programar e passar por isso da maneira mais suave possível. Quero fazer o meu melhor e, para isso, quero levar tudo de um jeito leve (na medida do possível), sem estresse. Fiz uma escolha consciente. Sei que vou precisar  remodelar a minha rotina para realizar esse sonho. E o comentário do meu treinador no fim de semana serviu para me acordar e me dar o ânimo necessário para fazer tudo funcionar.