quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pois é. De novo. A história se repete.

Mais uma vez, momentos antes de uma prova maior e mais desafiadora, eu sofro uma lesão e tenho que postergar. A história se repete.

Vou explicar: no sábado passado acordei me sentindo super bem. Forte e disposta. Depois da natação da sexta-feira, fiquei mais animada com os treinos e queria correr rápido os 12km do sábado de manhã. Desisti de treinar sozinha e fui para o treino com o grupo do Butenas e da minha querida Eli Reinert. Era um treino especial, da turma toda, perto do Ibirapuera, com direito a massagem e café da manhã. Mas não estava interessada nisso. Eu queria seguir os mais rápidos. Coloquei até as minhas meias de compressão novas, pra espantar o frio e me 'sentir' mais protegida. Cheguei empolgada mas, por mais que eu quisesse esconder e ignorar, o peso da semana anterior estava estampado no meu rosto e enterrado no meu corpo. 

Saímos as 7h45 em ponto, correndo devagar, pra aquecer. Eu estava genuinamente empolgada com a possibilidade de conseguir manter um ritmo legal. Corri exatos 5 minutos e vinte segundos quando, sem reparar que o farol estava aberto, fui atravessar a rua. Vi os carros vindo, me assustei e parei no meio do caminho. Já era tarde. Caí com o pé direito na rua e escutei o estalo seco. Não sentia mais meu pé. O Butenas parou comigo e disse 'Isa, por hoje acabou. Vamos voltar e fazer gelo'. Eu não queria parar. Eu queria fazer o treino. Estava desesperada para aliviar o que apertava meu coração e queria colocar tudo para fora com o suor e a conquista de um treino bem feito.

Insisti tanto que estava tudo bem que consegui voltar para a nosa base sozinha. Fui trotando de volta, na esperança de voltar a correr ainda naquele treino. Cheguei dolorida. Vi que o negócio era mais sério mas, ainda não queria acreditar. Fiz o gelo segurando o choro e fui pra casa dirigindo. 

Quando saí do carro, senti uma dor inacreditável. Fui direto pro PS do Sírio Libanês, vestida de jogadora de futebol, como disse uma criancinha que estava no elevador (acho que foram as meias de compressão rss). Lá, fizemos um raio X e o médico me garantiu que não era nada demais. Saí feliz e pensando no pedal de domingo. Mas a dor continuava forte, cada vez pior. O tornozelo inchado e roxo. Alguma coisa estava errada. 

No domingo, a mesma coisa, sem conseguir pisar no chão. Na segunda, não aguentei e fui ao meu médico no final do dia. Resultado: dois ligamentos rompidos, bota por duas semanas e repouso de um mês dos treinos.

Adeus Tristar no Rio de Janeiro.

Não sei nem descrever o que senti na hora. De novo. Mais uma vez. Parece que sempre que me proponho a fazer uma coisa maior, mais desafiadora, arrumo uma maneira de ficar de molho e não ir. Já estou até acostumada aos primeiros passos da volta das lesões. Já sei de cor a ordem da fisioterapia. E já sou íntima da batalha psicológica que vou enfrentar nesses 30 dias.

Claro que tudo será mais fácil se eu encarar de maneira mais leve, aceitar e fizer o que tiver que ser feito para assegurar a recuperação. E é o que tenho tentado fazer. Aproveitar as férias do despertador as 5 horas da manhã, as conversas mais longas a noite, os jantares mais compridos etc. Todas as coisas das quais abro mão quando estou treinando seriamente.

Mas não é fácil. Sinto aquela dorzinha no coração quando vejo as pessoas correndo na rua ou meus amigos comentando dos treinos. Quando recebo os emails finais da prova do Rio então...

Pelo menos eu sei que isso passa, as lesões curam e dá pra começar tudo de novo. Pelo menos agora eu dou um valor maior pra cada treino, cada pedalada. E, ainda, devo aprender mais alguma coisa com isso. Acredito que nada acontece por acaso... só espero descobrir logo e entender porque isso aconteceu desta vez.

Vamo que vamo!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A primeira meia sub 2h

E não é que deu? Entre cãibras e bpms descontrolados, consegui terminar a Golden Four SP em 1h59'54". Foi mais difícil do que eu achei que fosse ser. Briguei comigo mesma quase a prova inteira. Mas, no final, fiquei muito feliz de ter feito o que fiz.
Durante o percurso, que não foi curto, muita coisa aconteceu. Muita coisa que me fez relembrar porque gosto tanto da corrida e porque estava insistindo na dor pra terminar a prova. Como eu já escrevi antes, a corrida tem o dom de unir os praticantes, um sentimento de identidade, que só é compartilhado por quem corre e sabe exatamente qual o sentimento de fazer isso. Agora, dias depois, tudo parece um filme, um sonho bom. Tive o incentivo incessante do Cassio Politi, que me acompanhou, ou melhor, me puxou o tempo inteiro. Tive a companhia do Didi que, conheci no percurso, não sei o verdadeiro nome e nem consegui agradecer direito no final, mas me deu força a prova toda. E, no momento que pensei 'não aguento mais, vou desistir', passei por um cara cantando 'Oh, happy day...' bem baixinho. Não pude acreditar. Aquilo me inspirou de tal maneira que segui em frente repetindo o refrão. No final, ainda tive a surpresa de avistar meu pai, lá de longe, gritando '2 horas e 3 minutos, muito bom!'. Ele achou que eu tivesse ultrapassado as 2 horas, por causa do relógio do pórtico e, mesmo assim, se empolgou e gritou orgulhoso que eu estava terminando. Acho que acelerei nos últimos metros só pra poder contar pra ele logo que realmente tinha dado tempo e que eu tinha conseguido fazer o que queria: baixar as 2 horas nos 21km. Empolgação, dor, raiva, desespero, cansaço e uma satisfação quase ilícita. Assim foi a minha primeira meia sub 2h. Entre suor, dor, medo e prazer, derrubei mais esta barreira. Passei de fase.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Time's ticking


Enfiei na cabeça que quero fazer a Golden Four do final de semana que vem em menos de 2 horas. Tô com medo de oficializar essa vontade escrevendo aqui (ou falando pra qualquer pessoa) mas, eu quero! Porque eu quero? Pra me desafiar, pra me fazer sair da zona de conforto, pra me testar. Porque tô com medo de oficializar? Pra não me frustrar se não conseguir e não frustrar as expectativas alheias. Sei que isso pode parecer bobagem mas, eu tendo a não gostar de criar expectativas que não tenho certeza de que posso cumprir. E essa eu não tenho certeza. Hoje resolvi fazer o treino (de 12km) pensando nisso. Coloquei o ritmo que quero imprimir na prova e fui em frente. Resultado: tô toda dolorida. Não sei se aguentaria esse ritmo por mais 9km. Claro que as condições serão um pouco diferentes. Eu não vou sair na noite anterior, vou comer melhor, vou dormir mais. Mas, ao mesmo tempo, esses detalhes não fazem milagre e só dão um empurrãozinho final.
Meu plano é seguir os marcadores de ritmo. É muito mais fácil seguir o pace de alguém, ter uma pessoa correndo junto, do que controlar tudo sozinha. Com isso, não preciso nem olhar no relógio . Posso ir mais tranquila, só seguindo os caras (que ilusão, é obvio que vou olhar a cada 500m). A minha maior dúvida é qual pace seguir. Tenho medo de sair para 5'30" o km e quebrar no meio do caminho ou de seguir os 6'00" e não conseguir acelerar no final. Estou com medo de ir rápido demais ou devagar demais. Não sei em qual velocidade investir.
Na verdade eu acho que cansei de sempre ir com calma, devagar, me poupando. Quero tentar fazer realmente o meu melhor. Algo me incomoda quando penso em simplesmente terminar essa prova. Quero ir além. Vamos ver no que vai dar. Vou tentar fazer do Garmin meu melhor amigo.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Downhill

Estou muito sem energia para os treinos essa semana. Ainda não recuperei a vontade de treinar, a vontade de fazer mais e melhor. Toda manhã eu acordo, decido que não vou treinar, levanto e vou para o treino. No treino, faço o melhor que consigo mas não estou fazendo tão bem como a algumas semanas atras. Sei que ninguém fica no pico o tempo todo mas acho que comigo é mais. Preciso de descanso. Acho que estou esgotada. É mais psicológico do que físico. Mas, mesmo assim, o cansaço fica explícito no relógio. Tenho sido bem guerreira e corrido atrás do resultado. Isso eu não posso negar. Mas preciso descobrir a razão real para tamanha falta de energia.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Neverending story

Conversando com uma amiga, fera no triathlon, hoje, descobri que não sou a única dolorida e sofredora. Descobri que ela também dói, que também tem dias ruins e que também sofre na grande maioria dos treinos. O que é diferente entre a gente? A maneira como lidamos com o sofrimento. Acho que eu ainda tenho uma tolerância menor ou um relacionamento mais hostil com o sofrimento e a dor. Ainda sofro demais e me desespero. Enquanto ela aceita que está doendo e, com isso, aumenta a tolerância aos obstáculos. Eu sofro por antecipação. Quando começa a ficar difícil, eu entro em desespero e sofro de forma desproporcional. Mas isso não acontece só no esporte, faço isso com tudo na vida. Por um lado, eu gosto. Crio um drama, me deixo entretida. Mas, ao mesmo tempo, acabo fazendo as coisas muito maiores do que realmente são e, na maioria das vezes, sofro sem precisar. Cada vez que começo um treino, tenho a sensação de que não vai terminar nunca, que o treino é perpétuo. Quando acaba, eu tenho a sensação de missão cumprida, como se não precisasse treinar nunca mais. Mas, no dia seguinte ou no mesmo dia, já tem outra sessão de treino pra fazer. E aí é um drama. Nunca acaba. Eu olho todos os treinos da semana antes, assim que recebo a planilha. Então, na segunda feira anterior,  já começo a pensar no longão de domingo. É uma loucura. O treino nunca termina, sempre tem algo pendente. Isso me desespera. E me deixa entretida ao mesmo tempo. O problema é que estou numa fase de reconstrução. Não quero nada que me encha o saco, que me atrapalhe e esse meu mecanismo me deixa tensa.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Semana pra curtir

Hoje troquei o treino de manhã por um shiatsu. Foi extremamente necessário e dolorido. Entrei querendo uma sessão relaxante mas, no fundo, eu sabia que ia sofrer. De novo, dor. De duas, uma: ou estou choramingando demais ou estou realmente mais sensível do que normal. De qualquer maneira, seja o que for, preciso dar um jeito nisso.
Ainda não consegui reaver a minha motivação. Estou com vontade de treinar mas não vejo sentido nenhum nisso e isso me assusta. Acho que tô de TPM. Isso me deixa assim, descrente e estranha. Não estou vendo muito sentido em nada agora. Não posso encanar. Vou seguir a planilha, me divertir, suar e sonhar com a minha bike nova. A palavra da vez é 'curtir'.

domingo, 22 de julho de 2012

Wishlist

Bom, parece que os fatos tem se repetido. Ontem, dor. Hoje, dor. Os últimos treinos tem sido muito sofridos pra mim. Não sei se é cansaço acumulado, TPM ou a bike errada, mas essa semana foi difícil seguir a planilha. Ontem conversei com o meu treinador e com outro atleta da turma e eles me disseram que minha bike está pequena demais, que dá pena me ver pedalando e sofrendo nela. Eu já sabia, já desconfiava que ela era pequena demais para mim, mas não sabia que isso poderia influenciar tanto os treinos, minha performance e, principalmente, meu desenvolvimento no esporte.
E lógico que, depois de ouvir isso deles, fazer o treino mais longo da vida hoje foi ainda mais difícil. Fiquei na dúvida entre ir pra aulas seguidas de spinning ou rodar os 70km na USP e, na hora H, decidi que tinha que enfrentar o desafio e fui pra rua. Foi otimo, fiquei feliz que completei, mas faltou alguma coisa. Sei que amanhã vai ser ainda mais difícil treinar. E agora estou me perguntando porque faço tudo isso. Porque estou lutando para completar esta planilha, para terminar os treinos? Essa semana perdi a linha de raciocínio, não estou conseguindo encontrar uma resposta convincente para a questão acima. Agora, sem querer, enquanto escrevia, acho que encontrei a razão pela qual está tão difícil terminar os treinos. Estou sem foco. O grande desafio é descobrir se estou sem foco porque está difícil demais ou se está difícil demais porque estou sem foco. Ao mesmo tempo, me dói o coração pensar em abandonar. Não é isso que eu quero. Quero só resgatar a motivação e a vontade de treinar mais forte, de ir mais longe. E o prazer que isso me dá. Falando em prazer, outro desafio é segurar a ansiedade e a vontade de comprar uma bike nova, adequada e que, quem sabe, consiga de me devolver um pouco da motivação para seguir treinando.