quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Haruki Murakami

"Quando corro digo a mim mesmo para pensar em um rio. E nuvens. Mas em essência não estou pensando em uma coisa. Tudo que faço é continuar correndo em meu próprio vácuo aconchegante, caseiro, meu silêncio nostálgico. E isso é uma coisa maravilhosa. Digam as pessoas o que disserem...

...Apenas corro. Corro num vácuo. Ou talvez eu deva me colocar de outra forma: corro a fim de conquistar um vácuo. Mas, como seria de se esperar, um pensamento ocasional vai invadir esse vácuo. A cabeça de uma pessoa não consegue se manter um vazio completo. As emoções humanas não são fortes ou consistentes o bastante para sustentar um vácuo. O que quero dizer é que o tipo de pensamentos e ideias que invadem minhas emoções quando corro permanece subordinado a esse vácuo. Na falta de conteúdo, eles não passam de pensamentos aleatórios que giram em torno desse vácuo central." Haruki Murakami


É confortante perceber que correr pode ser única e simplesmente correr. Dar passos rápidos, sentir o vento no rosto, o suor, o cansaço, o prazer... correr. Em qualquer velocidade, por qualquer razão, ou razão nenhuma. Entrar num mundo só meu e conhecê-lo cada vez melhor.

A corrida preenche o meu vazio, ou os meus vazios. Afasta os meus medos, colocando-os em perspectiva. A corrida me faz ser mais humilde, esfregando na cara toda a fragilidade do meu corpo e me dando a chance de voltar mais forte, diferente.

Quando eu corro, entro em outro mundo, onde todas as minhas teorias e lógicas tem sentido. Quando eu corro, eu me entendo.

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